Artista marcial e ator sino-americano morreu em 1973, com apenas 32 anos. Sua filosofia de vida é muitas vezes esquecida quando se fala de seu legado.”Esvazie sua mente, não tenha forma. Sem contornos, como a água. Seja água, meu amigo”. A mais famosa frase da lenda do kung fu Bruce Lee não é apenas um conselho para aprendizes das artes marciais, mas também a síntese de uma maneira filosófica de encarar o mundo que ainda hoje faz sentido para os fãs dele.

O livro Bruce Lee: Artist of Life (Artista da Vida) contém informações valiosas sobre seus ensinamentos filosóficos, um aspecto da vida da estrela do cinema americano que é muitas vezes esquecido quando se recorda o legado dele, meio século depois de sua morte prematura.

O voo do dragão

Bruce Lee nasceu Lee Jun-Fan, em São Francisco (EUA), em 1940. Era filho de Grace Ho e Lee Hoi-chuen, um famoso cantor de ópera cantonês e ator de cinema.

O futuro artista de kung fu passou a maior parte da infância em Hong Kong, onde foi ator mirim em vários filmes.

Mas logo ficou claro que seu interesse não se limitava a atuar. Ele começou a lutar boxe e a dançar ainda adolescente e treinou wing chun, um estilo de kung fu, como forma de combinar seus movimentos graciosos e paixão pela luta.

Aos 18 anos, se mudou para os Estados Unidos para cursar uma faculdade, onde também ensinou artes marciais e desenvolveu sua própria forma inicial de artes marciais mistas, o jeet kune do.

Ao mesmo tempo, Lee apareceu em vários programas de TV e filmes nos Estados Unidos, geralmente em pequenos papéis associados às artes marciais. Foi só quando voltou para Hong Kong que conseguiu seus primeiros papéis principais, nos estúdios Golden Harvest.

Ele estava no auge de sua fama mundial quando morreu inesperadamente de um edema cerebral, em 20 de julho de 1973, aos 32 anos.

O último filme lançado durante sua vida foi O Voo do Dragão, em 1972, enquanto Operação Dragão foi concluído após sua morte, em 1973. Ambos foram sucessos de Hollywood.

Jeet kune do, uma filosofia para a vida

O legado de Lee é definido principalmente por sua aptidão física superior e suas habilidades técnicas de luta. Os princípios filosóficos que ele desenvolveu durante sua curta vida recebem menos atenção. O estilo de arte marcial por ele desenvolvido, o jeet kune do, sintetiza esses dois lados da sua vida.

“As técnicas e filosofias do jeet kune do podem ser aplicadas em combates reais, bem como em situações desafiadoras da vida. O jeet kune do consiste em técnicas físicas e filosofias aplicadas e requer que o indivíduo treine a si mesmo para atingir seu estado mais elevado de existência”, explica o site da Fundação Bruce Lee.

Ter perfeita consciência do próprio corpo e estar em paz com o próprio lugar no mundo são vitais na obra de Lee. Seu conselho “seja água, meu amigo” foi muito citado ao longo dos anos e está ligado a essa filosofia de maleabilidade e completa consciência do próprio eu físico e espiritual. O conselho de Lee é de adaptabilidade, mas mantendo-se fiel à própria identidade – como na metáfora da água que se adapta ao formato do recipiente que a contém, mas segue sendo água.

Legado também como pioneiro

Mas o legado mais importante de Lee deve ser o que ele fez pelos atores asiáticos em Hollywood. Ele foi um dos primeiros astros ásio-americanos a estrelar um grande filme internacional e a primeira estrela ásio-americana verdadeiramente lucrativa de Hollywood. Apesar da morte prematura, abriu caminho para as gerações futuras.

Mas seu papel como filósofo e pensador culto também merece mais atenção. O livro Artist of Life extrai trechos dos diários de Lee.

Enquanto isso, seu legado é mantido vivo por sua filha, Shannon Lee, que dá entrevistas regulares e apresenta um podcast sobre o pai, intitulado simplesmente Bruce Lee Podcast.